sexta-feira, 26 de outubro de 2007

Por falar em impactos...

Em Portugal, por tudo e por nada falamos de impactos. Gostamos de impactar. Há-os de todo o tipo: emocionais, económicos, sociais, políticos,…Nós “vamos a todas” e acabamos por retirar, as mais das vezes, significado ao próprio impacto!

Vejamos então um caso que merece realmente a nossa atenção colectiva: a International Data Corporation (IDC), entidade insuspeita, apresentou, ontem (em 19.10), um estudo global que ilustra o impacto das Tecnologias da Informação (TI) na criação de emprego, na formação de novas empresas, na despesa local em TI e nas receitas fiscais, em várias dezenas de países.

O nosso país não ficou à margem do citado estudo, contendo um dado de assinalável relevo: tomando por referência a Microsoft Portugal concluiu, que, até final de 2007 no nosso país, serão criados, aproximadamente, 41 mil empregos, que representam cerca de 43% do emprego total gerado na área das TI!.

Há “players” nas TI, como noutros sectores da actividade económica, que pela sua dimensão e idiossincrasia geram muito mais do que receitas próprias e dividendos para os accionistas. Constroem verdadeiros “ecossistemas” de proveitos económicos e sociais. Têm efeitos multiplicadores que não estão necessariamente reflectidos nos respectivos balanços analíticos.

Tomando por exemplo a empresa de Seatle é indubitável constatar-se que actua como catalisador em todas as economias nacionais onde está presente! O ecossistema Microsoft – entendo-se como os trabalhadores de empresas e empreendedores na área das TI que criam, vendem ou distribuem produtos executados em plataformas Microsoft – demonstra-nos que por cada euro de receitas da Microsoft, em Portugal, em 2007, as empresas que trabalham com esta (cerca de 4500) receberão 10.6 euros.

Estas empresas do ecossistema atingirão, em 2007, receitas num valor superior a 1000 milhões de euros e investirão 204 milhões de euros em I&D, marketing, vendas e suporte, nas respectivas economias locais. Isto é ou não é impacto?!

Acresce que, conforme aponta o IDC, a despesa em TI em Portugal atingirá os 2,8 mil milhões de euros, em 2007 – com um crescimento de 6,2%/ano até 2011 – gerando um aumento do emprego qualificado, porquanto, este ano, 51% do emprego criado nas TI será relacionado com software.

Deveras impressionante!

Destarte, os incontestáveis resultados do Plano Tecnológico evoluirão na razão directa do impacto que este tipo de “ecossistemas” têm na inovação e na competitividade do tecido empresarial português, assim como na modernização do Estado.

Para responder aos “suspeitos do costume”, o desejável é que a economia nacional pudesse alojar outros tantos “ecossistemas” no turismo, na saúde, na cultura e que, desejavelmente, se alcançasse idêntico impacto com o investimento público!

(artigo publicado no Oje)
 
Add to Technorati Favorites
eXTReMe Tracker