As tecnologias da informação (TI) são ferramentas de produtividade. Afirmá-lo parece uma evidência, quase um pleonasmo, todavia a sua adopção crescente por empresas e organismos públicos coloca-nos, também, perante alguns desafios.
A ideia instalada, do sector privado ao público, de que as novas tecnologias resolvem todos os problemas de produtividade pode revelar-se equívoca se, por mero exemplo, um trabalhador utilizar o computador apenas para processador de texto. Neste caso, a diferença para a clássica máquina de escrever é curta, agravando-se quando, ainda assim, precisa que um colega lhe dê uma mãozinha “para arrancar” e outra para imprimir…
Tornam-se evidentes os custos inerentes à má utilização geradora de desperdício (quantificável) e ao aumento do tempo dispendido em cada acto impedindo a alocação dos recursos noutras tarefas. Gera-se então uma cadeia de perdas.
As TI são concebidas numa lógica de solução global, que permitem responder com eficácia e rapidez ao essencial de um qualquer processo produtivo. O que não trazem (ainda) incorporado é um utilizador capacitado…
Este é, pois, o grande desafio!
Tomando por referência a Noruega (imagine-se Portugal!...), em 2001, a Cap Gemini concluiu, num estudo sobre os custos encobertos das TIC, que: um empregado consumia em média 3 horas por semana (136 horas/ano) a ajudar os outros colegas, a resolver problemas de impressão, no acesso à internet, a aceder a bases de dados, etc etc.
Em suma, partindo do universo empresarial norueguês e do respectivo parque informático os tais custos escondidos equivaleriam à época a 4,5 biliões de euros anuais!! Quanto será em Portugal?...
A formação adquire assim um papel relevante, importa pois, no país do Plano Tecnológico, lançar o desafio à indústria das TI para se envolver no processo público de capacitação e certificação de competências transformando custos encobertos em mais-valias. Estarão todos os “players” disponíveis?...
(artigo publicado no Jornal OJE)
