Fernando Henrique Cardoso, ex-Presidente brasileiro, tem escrito amiúde sobre aquilo a que chama as "utopias regressivas" emergentes na América do Sul.
Para além da terminologia - que me parece feliz - FHC põe o dedo na ferida quanto aos riscos resultantes de alguns projectos políticos (tidos por românticos, guevaristas e bolivarianos) que têm transformado sistemas estáveis em regimes de duvidosa democraticidade, apesar dos sucessivos plebiscitos e referendos legitimantes.
A Venezuela, inspirada em Cuba e sentada sobre os milionários fundos petrolíferos, alastra influência sobre os demais países sul-americanos: a Bolívia já cedeu, o Perú esteve quase, o Equador não se sabe quanto tempo mais resiste, etc etc.
Ao mesmo tempo em que uns fazem uma Cimeira integrante de todo o espaço ibero-americano outros, à margem, com Chavéz à cabeça, apostam na "Cimeira dos Povos", que divide e não agrega.
A criação do Banco do Sul é outra aposta estratégica de Chavéz para esprariar influência pelo continente, contrapondo os fantasmas do Banco Mundial e do FMI.
A União Europeia - ao invés dos EUA - continua a ter créditos políticos e culturais neste espaço do globo, pelo que não deve deixar de atentar à perversão e riscos sérios destas utupias regressivas.